Em contagem decrescente

fevereiro 01, 2018
 



    E chegou aquele momento que quase nenhuma mãe gosta, que nos arranha o coração só de pensar. Daqui a uma semana vou voltar ao trabalho! Será em horário de amamentação, das 9.30h às 15.30. A minha situação, embora custosa na mesma, é mais confortável. A minha mãe ofereceu-se para tomar conta dela enquanto ela não vai para a escolinha. Se a minha mãe tem experiência com bebés? Não, nenhuma embora seja enfermeira obstétrica reformada (há 20 e tal anos). Se é uma pessoa divertida em que uma criança na companhia dela se esteja sempre a rir e entretida? Também não. Não ouve o que lhe digo sobre as rotinas da Carolina, não observa como trato, como falo, como brinco com ela. Mas há a esperança que corra tudo bem.
    Foram praticamente 9 meses de puro amor! Se quisesse descrevê-los não conseguiria. Os bebés, nossos filhos então, têm a capacidade de nos surpreender a cada dia que passa. Derrotam-nos qualquer noite mal dormida com um sorriso que não cabe na pequena carinha deles. Cria-se aqui uma dependência de mãe e filho e vice-versa. Ela acorda com o meu bom-dia muito baixinho para continuar calminha. Abro a persiana com ela ao meu colo à janela e dizemos bom-dia ao Mundo. Rimo-nos durante uns 5 minutos com palermices que a mãe palhaça faz e depois vestimo-nos para o dia ficar ainda mais bonito! Sento-a no meu colinho e mama... Cheia de ternura, a mãozinha dela pede um beijinho encostada aos meus lábios e continua naquela música que eu adoro e que ela a faz desde que nasceu. Hmmm... Hmmm...
    E pára tudo! Aqui o meu dia vai ficar suspenso. Vou sair para trabalhar e só volto depois de muita brincadeira, o lanche de meio da manhã, mais brincadeira, o almoço e o soninho. Vou perder sorrisos, as primeiras conquistas, muitos olhares e abraços. Já estou de lágrimas nos olhos.
    Vou tentar não ligar 1000 vezes e mais uma para saber se ela está bem. Sei que vou sair, colocar a minha capa e voar para os braços da minha pipoquinha. Vamos dançar, cantar, rir às gargalhadas e ficar no mimo. Vai custar, eu sei. Vai custar muito, mas o ser humano tem algo de bom que é o hábito. Com os dias e os meses, o hábito vai-se instalando cada vez mais dentro do meu cérebro e do meu coração. Espero eu.
    Por enquanto, existe um pequeno entusiasmo em voltar. O outro lado da moeda. Subir à tona deste mar chamado maternidade e verificar que ainda existem coisas da minha vida para além da Carolina. E vai saber-me bem ter aqueles minutos de introspeção no trânsito matinal da Invicta, conversar com pessoas sobre assuntos normais como o tempo, as noticias ou os objetivos da empresa, voltar a vestir roupa sem pensar se consigo amamentá-la assim, maquilhar-me e sentir-me bonita sem que seja a maternidade a dizê-lo.
    Como foi o vosso regresso ao trabalho? Tenho a certeza que as vossas histórias me vão ajudar.

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